Hoje fui a Três Barras e Canoinhas, municípios que não visitei na expedição do ano passado. Acorde às seis horas sob o efeito sonoro de Chiquitita, do ABBA. A sonzeira da chuva e da trovoada cessara, quem atacava de DJ agora era, como em setembro de 2010, o padre Lídio. Saí de Ccaçador às 7h30 e o termômetro indicava 15º. Bastou sair da cidade que a chuva recomeçou. Até Calmon ela era uma garoa que variava entre fina e muito fina. Os trinta quilômetros até a cidade que leva o nome de um baiano foram rapidamente vencidos porque quase não encontrei carros no caminho. Sim, Calmon é uma homenagem ao baino que foi ministro da Viação e Obras Públicas do governo Afonso Penna. O lugar se chamava São Roque e teve o nome mudado por divina inspiração do bom moço da Bahia. Vale lembra que o americano Charles Gauld - autor de Farquhar, o último titã - acusa Calmon de ser astuto e corrupto. Uma placa me chamou a atenção: Calmon, capital da hospitalidade. Quando cheguei a Matos Costa o chuvisco recém havia parado. Estacionei em frente ao museu para conversar com a historiadora Joseti. O estabelecimento estava fechado. Perguntei na casa em frente e me informaram que ela falecera no mês passado. Entristecido pela perda, deixei a cinzenta Matos Costa para trás. A cerração foi ficando cada vez mais densa. Os mais de 1200 metros de altitude fazem da antiga São João do Pobres uma pousada para o nevoeiro.
Museu de Matos Costa acizentado pelo nevoeiro |
Esta era a visão que eu tinha de dentro do carro |
A medida que descia a serra, o nevoeiro e a chuva deram uma trégua. Foram substituídas pelos buracos na estrada. Cheguei em Três Barras às 9h55 e conferi a temperatura - 15º. A cidade foi sede da Madeireira Lumber e até hoje não conseguiu se desatrelar do extrativismo florestal. A antiga estação ferroviária deu lugar ao museu do Contestado. Em frente fica o quartel do Exército Brasileiro, ocupando a área que pertencia a Lumber. Alguns prédios do tempo da madeireira ainda estão de pé. A visitação ao local só pode ser feita com agendamento prévio e sempre sujeita ao humor do comandante.
Depois fui a Canoinhas encontrar o historiador Fernando Tokarski, autor de Cronografia do Contestado. Estudioso do Contestado desde o início dos anos 1980, Tokarski é referência na região. Ele guiou-me por alguns lugares da Canoinhas do início do século XX.
Às 17h me despedi de Fernando Tokarski e voltei para Caçador. Cheguei às 19h30, depois de percorrer 157 km. No total, rodei cerca de 400 quilômetros.
Antiga estação, hoje museu |
Casa remanescente da Lumber - quartel do exército |
Antigo escritório central da Lumber |
Fernado Tokarski |
Casarão do início do século passado - arquitetura americana |
Casa do início do século passado - tempo da guerra do Contestado |
O que resta do marco do Contestado (ver postagens da expedição) |
Estação de desembarque das tropas do exército que lutaram no Contestad |
Cruz plantada por São João Maria em Canoinhas |
Ola, nao se se voce chegou a fazer amizade com o Tokarski,se ja o conhecia etc. Mas te digo uma coisa,nao va pela conversa dele,ele diz muita coisa erradanao sei se é por,ou sem querer,mas muita coisa que ele fala é errada.
ResponderExcluirA cidade tem uma historia linda,pena que nao muito bem preservada,mas mesmo assim vale a visita.
ResponderExcluirOlá, peço, por gentileza, que entres em contato comigo pelo gileadmauricio@gmail.com, quem sabe poderei usar tuas informações no livro que ora escrevo. Teu nome será preservado. Abraço.
ResponderExcluirEm 22/03/2013 foi lançado em Balneário Piçarras/SC, um livro sobre a História do Contestado. Muito interessante. Fala em números de árvores cortadas, geografia, botânica, curiosidades, história, aviação, etc. Inclusive de que o Farquard, dono da maior serraria da América Latina, morreu na miséria.
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