terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nono dia - "Plante pinus"

Exposição - Museu de Caçador
        Hoje é o nono dia da expedição. Acordei às seis da manhã com a música do padre Lídio. Chovia forte em Caçador. Demorei um pouco a me levantar e quando cheguei à cozinha o pessoal já se divertia com o café e com a conversa descontraída. É importante ressaltar que as refeições no seminário são sempre muito animadas. Em tudo a turma acha um motivo para risadas. O padre Lídio é sempre alvo de brincadeiras. Fico admirado com a capacidade que ele tem de entender a rapaziada. Ao mesmo tempo em que é austero, é amoroso. Minhas visitas aos antigos redutos acabaram. Só me resta ir a Três Barras e Canoinhas, no norte do Estado – que não fui ontem devido a chuva. Farei isso amanhã, no décimo dia. Sendo assim preferi fotografar a cidade de Caçador, entregar alguns livros que peguei emprestado do historiador Nilson Thomé e do museu, entrevistar profissionais que pudessem falar sobre o pinus elliotis. É que o pinus invadiu as terras do Contestado, conforme venho escrevendo. Para todo lado que a gente olha vê plantações do pinheiro americano.
          A chuva não dava trégua. Ficava difícil sair de moto para andar dentro da cidade. Resolvi ir a pé. O seminarista Édson de Bortoli me emprestou um guarda chuva. As horas seguintes iriam mostrar que o objeto servia para eu guardar a chuva; na cabeça, nos ombros e no bolso, se preferisse. Fui até a FUNDEMA – Fundação Municipal do Meio Ambiente. Entrevistei o presidente da instituição, André Francisco Canalle. Ele foi enfático: “Se proibir o plantio do pinus a região para”. E completou: “Sou a favor do pinus”. Dalí eu dei uma passada no museu e devolvi o livro que pegara emprestado com meu amigo Júlio Corrente, coordenador do museu. Já passava do meio dia e ele me deu uma carona até uma churrascaria. Eu já conhecia o lugar e estava ávido para saborear o melhor sagu do Brasil. Olhe que eu entendo de sagu. E posso garantir: em Caçador está o melhor. Fiz a digestão enquanto me dirigia à EPAGRI.
          Na EPAGRI entrevistei Dorvílio Buffon, técnico que dá orientação para agricultores. Ele não titubeou: “Essa história que o pinus seca as águas é bobagem. E também a terra não fica empobrecida, ela já é pobre”. Depois me revelou como costuma orientar os agricultores: “Plante pinus”. Saindo de lá eu fui até a FATMA e conversei com o engenheiro agrônomo Aido Ortolan. Ele confirmou o discurso de Dorvílio: “O pinus não empobrece o solo nem seca as águas. Isso é balela. Existem estudos que comprovam o que estou falando. Nossa região tem características favoráveis à plantação do pinus”. Saí da FATMA e fui até a casa de Nilson Thomé. Conversamos um pouco e devolvi-lhe o livro que pegara. Voltei para o seminário e avisei para o pessoal que estaria indo embora na manhã seguinte. Fomos até o supermercado e compramos algumas coisas para nos confraternizarmos.
          Foi aí que o padre Gilberto Tomazi, 40 anos, contou-me uma que aprontaram com o padre lídio. Pegaram uma correspondência que um político enviara para o ancião e botaram R$ 2,00 dentro. Venhamos e convenhamos, ô voto barato! Enquanto todos riam, padre lídio só balançava a cabeça. Depois defendeu-se: “Eu sabia que era brincadeira deles”. Se sabia ou não, vou ficar na dúvida. Amanhã eu vou a Canoinha e depois a Três Barras. No fim do dia voltarei para Florianópolis. Minha estada em Caçador chegou ao fim. Foi muito bom. O convívio com os seminaristas e padres não poderia ter sido melhor. Levarei saudades do “Di Cáprio", do Clayton, do Édson, do Edilson e do “monge  João Maria", conhecido por Hilton – todos seminaristas. Agradeço muito a presteza e boa vontade dos padres Gilberto Tomazi, João Casara e Lídio Milani. Até a próxima, Caçador.
Caçador

2 comentários:

  1. Olá Gilead,fiquei surpresa com seu blog,pois aqui há muito que ler e aprender,muito conhecimento.Voltarei para continuar minha leitura.Moro em Porto União e amo quando leio algo que retrata passagens vividas aqui.Um abraço!

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  2. Sou Caçadorense! Porém nao moro lá. Como faço p saber s a terra q possuo ai,"já é pobre"! Confesso q m surpreendi com as afirmativas de DORVILIO BUFFON. A informação q tinha até então... é q a terra q s planta pinus,nao serve p "mais Nada"! Poderia eu, ter informações mais convictas e detalhadas a respeito?

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